sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Vórtice

Trilha-sonora: cd Von de Sigur Rós

Dentro de mim existe um mundo. Nações inteiras e paisagens. Eu fecho os olhos e consigo sentir a força da terra rompendo em flores. Quanto mais eu preciso viver? No meu céu as estrelas caíram em fogo e queimam as mãos de uma pobre menina. As marés arrebentam nos meus olhos. E eu ainda aqui, prestes a buscar uma solução pra silenciar a guerra. Existem outros caminhos eles dizem. Urros não são suspiros. Foge de mim coração. Um sonho qualquer pode se realizar. O pior pesadelo. No Brasil não faz frio e é difícil a melancolia com suor. Sorriso rosa choque pichado no rosto. Quem afinal eu sou? Pés e mãos alcançando tudo. Ar. Respingam em mim sangues e desejos. Vórtice entrando por minha garganta estraçalhando palavras. Estilhaços de ais. Há algo que chove. Longe daqui outras órbitas. Números mais, menos. Como serei eu com cabelos brancos? Balanço quebrado corta o vento. Poeta assassino. De repente vazio de pedras. Sombra eterna. Gosto doce. Um povo índio que chama deuses. Corpo da alma esburacada. Sobre o precipício avançam-se as horas. Depois outras histórias qualquer invadem a cabeça. Ah, tontura. Ali à frente estão dois homens, uma mulher. Peixes em água turva. Quase foi assim. A espera pelo sol. Não reconheço o que carrego. Horizontes obtusos. Unhas que não param de crescer. Quanto de mim há naquele que leva meu nome? Uma velha que arrasta na areia suas rugas. Alimento apodrecido. Branco demais é o dia. Como aprender a andar em cima de saltos vermelhos. Nervos incontroláveis. O não-ser inatingível. Pequeno ao lado do pai. Corte a fita. Uma marcha aos desesperados. Pulos. Pulsos. O futuro é a digestão do agora. Solos de bateria. Janela fechada. Imobilidade. Sono virgem. Chama. E meus pêlos já são escuros. Volta a revolta. Um. Silêncios da mente. Terminar outro dia. Chegar até ele. Seios nus. E então tudo em torno. Corre. Veja o quanto te resta de ilusão em pó. Acorde preciso. Passagem. O que há de belo na dor. E o que há de dor no que é belo. Criar a ação. Movimento. Há uma parte de mim que é torta. Arvores caídas em folha. Jaz aqui uma tentativa. Lona rasgada pra ver o azul profundo. Sinta. Logo a mãe. E as crianças. Asa frágil pro vôo. Mergulho. Brilhos. Então o negro. Escuridão de sons. Gira em mim mundo. Licença para encontrar o que ainda não perdi. Mal dizem. Estopim. E de novo portas. Toques. Acidez. Psi. Salão de perguntas. Ir em frente. Completando tracejados. Feras solidárias. Alguém. Imagens. Além. Conto até três e você se esconde. Um. Dois.

03.58

3 comentários:

  1. Oi querido , adorei o seu blog ! Não deixe de escrever NUNCA aqui e nos abastecer com seus textos tão próprios e únicos !
    Lamentei não ter podido ir ao Rio para assistir ao seu último espetáculo "CINE ILUSÃO"...
    Vcs virão para Sampa ? Abraços !

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  2. Li o post e lembrei do agüado DREAMGIRLS... Claro que post é melhor que filme, claro... Mas lembrei de uma fala:

    "Vc pode me parar uma vez. Nunca duas!"

    Voltarei mais vezes!

    Bjs,
    Caesar
    www.camapaoeacucar.blogspot.com

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  3. Anônimo9:45 PM

    "Veja o que te resta de ilusão em pó."
    Ao mesmo tempo é uma consciência sobre as coisas efêmeras e também ao mais completo descartável dos dias atuais. Hoje temos de subverter o tempo das coisas.

    Grande abraço!

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