segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Aos inimigos: o coração valente (censurado)

Em 24 de Outubro de 2014, cansado de acompanhar a hostilização machista e violenta contra a senhora presidente da república Dilma Roussef, eu escrevi o texto abaixo. Sou um escritor e criei esse pequeno texto espontâneo como manifesto contra a forma com que estavam se opondo em diversos meios: agredindo vulgarmente uma chefe de estado e uma mulher.

Menos de 24 horas depois o texto publicado originalmente no Facebook repercutiu em mais de 1.000 compartilhamentos e 2.000 curtidas. Jamais esperei que isso fosse acontecer. Como jamais imaginei o que viria a seguir: tive meu texto excluído da rede social graças à denúncias injustas ao seu conteúdo. Voltei a publicar o texto, mais 1.000 pessoas se uniram em torno dele. Outras 24 horas e o texto seria novamente excluído e eu bloqueado, impedido de me manifestar, bem no domingo de eleições. 

Felizmente muita gente salvou e compartilhou o texto e eu próprio me lembrei do Instagram, como outra rede para assegurar sua difusão. Agora ele está aí registrado nas páginas, mentes e corações de tanta gente. Em muitos lugares, como é factível à Internet, o texto foi publicado retirando meu crédito como autor. Em seu lugar apareceu "Autor Desconhecido". Aqui está o autor para que vocês conheçam.

Divulgado o resultado me encho de alegria, esperança e desejo que esse novo governo da presidente Dilma vá ainda mais longe em suas lutas sociais. O banquete sangrento que descrevo abaixo foi indigesto, felizmente. Para não esquecer:


"Puta, ladra, feia, vagabunda, terrorista, ridícula, assassina, sapatão, mentirosa, nojenta… Mulher. Indigna de qualquer respeito. Alvo de toda troça. Desejaram-lhe a doença, a surra, a curra, a morte, o assassinato. Foi agredida dia após dia, post após post. Violentada em palavras de ordem contra si por pessoas muito cultas, educadas e informadas. Com tochas erguidas a turba se levantou não contra uma rainha de copas, mas contra a presidente eleita pela democracia. Ou sim uma presidenta. A língua é viva, ela quem deveria estar morta. A pele em flor irrompida pela violência instintiva. Cortem-lhe a cabeça. Quem é a rainha agora? Homens e mulheres de falos imaginários invandindo-lhe, destroçando sua identidade, arrebentando sua dignidade. Desprezível. É impossível parar. O desejo pelo sangue vermelho. Vermelho. O gosto salpicado de um corpo velho de sessenta e seis anos. Corpo atravessado pelo câncer. Por paus e fios e medos. Corpo torturado. Por que não terminaram o serviço? Teriam lhes poupado trabalho. Mas o sabor de vermelho na boca de dentes límpidos alimenta os animais. São romanos e querem sangue derramado na arena. A gladiadora está pronta para mil leões e infinitos punhos. Que comece a orgia! A mulher está na mesa, saquem seus talheres afiados. E sirvam-se. (Autor: Lucianno Maza)”

“Bitch, thief, ugly, slut, terrorist, ridiculous, murderous, dyke, liar, disgusting ... Woman. Unworthy of any respect. Targeted by all mockeries.They wish you all illness, all beatings, all sodomies, the death and the murder.You were hurt day after day, post after post.Violated by slogans by very intelligent, educated and well informed people.With mob torches standing not against the Queen of Hearts, but against a president elected by democracy.Or perhaps, a Woman President.But Language is an alive thing, it is SHE who should be dead.The skin erupted by instinctive violence.Off with her head. Who is the queen now?Men and women with imaginary phallus invading her, destroying its identity, bursting her dignity.Despicable.Impossible to stop. The desire for red blood. Red.The flavors of an old body freckled by sixty-six years.Body transversed by cancer. By sticks and wires and fears. A tortured body.Why haven’t they completed the job? They would have been spared of so much trouble.But the red taste on their lips with clear teeth feeds the animals.They are Roman and they desire nothing more than bloodshed on their arena.The gladiator is ready to face a thousand lions with endless fists. Let the orgy begin! The Woman is on the table, draw out the sharp cutlery. (Text by: Lucianno Maza / Translated by: Veridiana Carvalho)”

PS: Reativando este blog para registrar esse momento. Se quiser me acompanhar, siga no Facebook (enquanto não me banirem de lá): 

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